Como eu havia prometido, estou postando a reportagem da Maria Alice. Nessa reportagem eu participei respondendo algumas perguntas referentes aos meus hábitos como colecionadora e às Barbies expostas na exposição Cenas Sacras, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
A Maria Alice é muito simpática, ela tem um blog chamado Bowling for Cake (
http://bowlingforcake.blogspot.com/), vale à pena conferir. Agora vamos a reportagem.
Boneca do Mundo
No último dia nove de março foi o aniversário de uma das maiores celebridades mundiais. O status da aniversariante é tão grande que as comemorações estão programadas para durar todo o ano e acontecem em diversas partes do globo.
Seus presentes incluem uma mansão em Malibu decorada pelo designer de interiores Jonathan Adler; uma loja em Xangai que inclui seis andares, bar e SPA e ainda dois modelos de carros feitos especialmente para a comemoração.
A aniversariante que causou tanta comoção é ninguém menos que Barbie. Amada por uns, odiada por outros, a boneca chega aos 50 anos com pique e corpinho de vinte.
Aqui em são Paulo, a comemoração que mais chamou a atenção foi O Museu Encantado da Barbie, uma exposição que conta com mais de 500 bonecas, inclusive um exemplar da primeira edição da Barbie, de 1959.
Menos grandiosa e comentada que a primeira, a segunda exposição em cartaz na cidade conta com a Barbie apenas como uma coadjuvante. 72 bonecas encenam um presépio boliviano e chamam a atenção de adultos e crianças para a exposição Cenas Sacras que acontece no Memorial da América Latina até o dia 29 de março.
Esqueça a imagem tradicional da boneca - cabelos loiros e roupas cor de rosa. As Barbies de Cenas Sacras foram garimpadas em brechós bolivianos e são originárias de países latino-americanos e asiáticos. Muitas têm cabelos e peles escuras e traços que lembram os dos povos dessa região do planeta. Além disso, vestem trajes típicos das etnias Quéchuas, Aymaras e do oriente boliviano. Todas as roupinhas foram confeccionadas com tecidos vindos da Bolívia pela artista plástica Íris Davalos, que é também a proprietária da coleção de bonecas. Davalos trocou seu país natal por São Paulo há mais de trinta anos e coleciona Barbies e Kens há mais de dez.
Ao entrar numa loja de brinquedos e se deparar com todas aquelas caixas rosas, poucas pessoas sabem que estão na presença apenas da pontinha do iceberg. As Barbies étnicas têm até uma coleção própria, a “Dolls Of The World” (Bonecas do Planeta). Os modelos são voltados exclusivamente para as culturas dos países ao redor do mundo e não trazem apenas traços diferenciados, mas também incorporam aspectos da música, da arte, da crença e da cultura do povo em geral. A Barbie indiana, por exemplo, vem com trajes usados em uma festa religiosa chama Diwali, diz a colecionadora Adriana de Paula, que junta exemplares da boneca há 5 anos e compra uma média de 4 a 10 bonecas por mês.
Barbie Indiana - Diwali
Ainda segundo de Paula, boneca étnica que chama mais atenção é a chinesa, devido à riqueza e à perfeição dos detalhes.
De acordo com o monitor do Memorial da América Latina Guilherme Salvini, a presença das bonecas numa mostra de objetos e imagens sacros da crença popular representa não apenas o sincretismo religioso da região, que une crenças do catolicismo com as locais, mas também a presença do moderno, representado pelas bonecas.
Seja nas mãos de garotinhas, seja em museus, seja vestindo rosa, seja vestindo trajes tradicionais, em 50 anos a Barbie não apenas estabeleceu uma cultura própria, como também representou e se fundiu a outras aparentemente distantes de seu universo.
Tenha um dia Pink!
Imagens: Mattel